Encontro em Brasília discute acessibilidade na educação

O Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília promoveu o encontro “Práticas e Reflexões com Educadores: Acessibilidade em Instituições Culturais”, que reuniu professores e pedagogos de diversas instituições de ensino. O evento abordou a mediação para pessoas com deficiência nos museus de arte, a acessibilidade estética e as estratégias pedagógicas na educação do deficiente.

O encontro começou de uma forma diferente - uma palestra ministrada em Libras traduzida por uma intérprete para um público ouvinte. Surdo de nascença, o educador Bruno Ramos contou suas dificuldades de aprendizado, uma vez que sempre buscou maneiras de se integrar ao contexto dos ouvintes. Para o educador, era mais fácil dissimular comportamentos dos ouvintes do que se assumir.

“Aos 18 anos, ao participar de uma palestra, ouvi sobre a identidade surda. Ouvi aquilo atentamente e me conformei com a minha natureza. Em seguida, tive a oportunidade de ver um surdo recitar uma poesia. Esses dois momentos me tocaram profundamente”, afirmou o educador.

Segundo Ramos, ao se assumir surdo, ficou mais feliz e nunca aceitou a ideia de ser um portador de uma deficiência, pois aquilo aparentava um peso. Ele ressaltou ainda a importância de ensinar a afirmação da identidade para as crianças, pois permite a verdadeira inclusão. “A acessibilidade permite que sejamos iguais em nossas diferenças e que as identidades sejam vividas integralmente”, afirmou.

A coordenadora do Programa Educativo, Karen Montija, apresentou algumas iniciativas de acessibilidade nas atividades do Centro Cultural, como a inclusão de intérprete de Libras nas visitas às exposições e nas contações de histórias. Ela destacou também as oficinas do Librário, que possibilitam a disseminação da linguagem para grupos escolares.

O Librário é uma ferramenta pedagógica desenvolvida por um jogo de baralho de pares de cartas com o sinal, vocábulos em português e imagens que incentivam a aprendizado da linguagem de forma lúdica. Esta iniciativa foi vencedora do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, em 2015, apresentada pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

Para Montija, o Librário é uma metodologia simples para a disseminação de Libras, que permite o desenvolvimento de diversas ações como o simples jogo de memória até a adivinhação da palavra por meio dos gestos apresentados nas cartas. Ao final do encontro, a coordenadora distribuiu kits de jogos aos participantes e os incentivou a reaplicarem nas escolas, como forma de interação entre surdos e ouvintes.

As oficinas do Librário são oferecidas nas sedes do Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Mais informações no site bb.com.br/cultura.

Fonte: Texto e fotos FBB - Repórter Ricardo Torres

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