Dia Nacional do Idoso (27/09): um Brasil mais experiente

As recentes discussões sobre a reforma da previdência social têm raiz em um fato: a população brasileira está envelhecendo. A quantidade de nascimentos é cada vez menor e, felizmente, estamos morrendo mais tarde. Além da questão da aposentadoria, o envelhecimento do brasileiro suscita outros temas: precisamos cuidar mais e melhor de nossos idosos.

Se em 2000 apenas 5,6% da população brasileira tinha 65 anos ou mais, em 2016 já são 8,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E em 2030, serão 13,4%. Isto porque a expectativa de vida atualmente é de 75,7 anos e não vai parar de subir – ainda segundo o IBGE, em 2030 ela chegará a 78 anos.

Mas será que aquela definição dessa faixa etária – “a melhor idade” – é verdadeira? “Infelizmente, nosso País ainda não está preparado para atender às demandas dessa população”, lamenta, em carta, João Bastos Freire Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o IBGE, mostra que 6,8% das pessoas com mais de 60 anos têm limitações para realizar atividades cotidianas como tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, andar em casa e deitar-se. O percentual aumenta com a idade e chega a 15% para quem tem mais de 75. Dos que têm dificuldades, 84% precisavam de ajuda para realizar ações do dia a dia, mas 11% não podiam contar com ninguém.

Para especialistas, faltam políticas sociais e de saúde para quem muitas vezes dedicou a vida a cuidar de filhos e netos. Na área médica, a prevalência de doenças crônicas e suas complicações, como hipertensão, doença coronariana e sequelas de acidente vascular cerebral, não é acompanhada por hospitais e clínicas. Segundo a SBGG, faltam políticas preventivas, doutores e leitos preparados para um atendimento eficiente para essa idade.

Esses fatos contrariam o Estatuto do Idoso. Aprovado por lei federal em 2003, ele estabelece direitos das pessoas nessa faixa etária e deveres das famílias e do poder público no atendimento a elas. Entre os direitos, está o de atendimento de qualidade prioritário na rede pública de saúde, onde devem receber medicamentos gratuitamente; ter acompanhante no quarto em caso de internação; isenção de pagamento pelo uso de transporte público, que devem ter assentos de uso prioritário; cuidado familiar adequado; e meia entrada em atividades culturais e esportivas.

“O Estatuto é um conjunto de regras fundamental, mas cuja implementação plena ainda depende de um grande processo de amadurecimento de nossa sociedade”, diz Renato Veras, diretor da Universidade Aberta da Terceira Idade, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Para Veras, o Brasil precisa entender que não é mais um país de jovens e que quem nos construiu ao longo de tantos anos tem direito de viver com dignidade. “Precisamos esquecer a ideia de que, depois dos 60 anos, a pessoa precisa ficar em um aposento. É necessário abrir oportunidades, inseri-las na sociedade como elas quiserem. Um processo longo e difícil, mas urgente, pois esse conjunto não vai parar de crescer”.

Diversos grupos de voluntariado já sabem disso e fazem questão de dar uma força para melhorar a qualidade de vida dessa população. Um deles é o de voluntários do BB Mapfre. Funcionários da empresa de seguros todo mês visitam retiros da terceira idade, onde realizam festas, apresentações culturais e o que mais acharem interessante para alegrar a vida de quem, infelizmente, está abandonado pela família. “É um público especial”, diz Ana Cecília Gouvea, coordenadora de Diversidade e Responsabilidade Social da empresa. “Ao longo desse tempo, percebemos que muitas vezes, mais do que ajuda material, eles precisam de atenção, de afeto. E isso os voluntários sabem dar”.

Para que esse carinho seja mais duradouro, Ana Cecília desenvolveu uma atividade de “amigos de cartas”. Por meio dela, os voluntários escolhem um idoso que esteja em alguma instituição de acolhimento para trocar correspondências à moda antiga – ou seja, escrevendo cartas à mão e as enviando. “Às vezes, até a família do voluntário se envolve, o que aumenta o contato, deixando o atendido ainda mais feliz”.

E você, o que está fazendo? Conte no Portal de Voluntário!

Conheça os principais direitos dos idosos (e conte a eles!)

  • Atenção integral e prioritária no SUS.

  • Medicação gratuita pela rede de saúde, incluindo os de uso continuado.

  • Benefício de Prestação Continuada para que tiver renda mensal per capta inferior a um quarto do salário mínimo, que não tenha condições de prover sua subsistência, nem tê-la provida por sua família.

  • 5% das vagas de todos os estacionamentos devem ser reservadas para maiores de 60 anos. Os locais devem ser os de acesso mais fácil.

  • Uso gratuito do transporte público.

  • Meia entrada em atividades culturais, esportivas e de lazer.

Fonte: Sociomotiva