Crianças do DF contam suas raízes por meio do cordel
Há quase catorze anos, a Associação Ludocriate de São Sebastião (DF) atua em diferentes projetos socioeducativos ligados ao resgate do lúdico, artístico e cultural no processo educativo e formativo da criança. O trabalho desenvolvido pela entidade está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Educação de Qualidade (ODS 4), que tem como uma de suas metas assegurar a educação inclusiva, igualitária equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos.
A Associação foi selecionada na chamada interna – Programa Voluntariado Integração 2017 e recebeu recurso da Fundação BB no valor de R$ 70 mil para o projeto “Nossas Raízes Nordestinas - Cultura e Identidade Sob o Olhar da Criança". A entidade ofereceu a 80 crianças e adolescentes da comunidade, com idades entre 6 e 14 anos, um espaço de vivência e valorização das suas raízes, visando integrar os elementos da cultura nordestina no seu cotidiano e contribuir para o fortalecimento de sua identidade. E o fruto desse trabalho foi o livro de Cordel “Nosso Pé de Cordel Encantado”, com sete histórias, além de um vídeo institucional. O trabalho foi dividido em seis grupos, que se intitularam com nomes de animais da fauna brasileira para cantar e contar suas raízes – tatus, lobos, raposas, oncinhas e tamanduás.
Paolo Chirola, italiano radicado no Brasil e idealizador do projeto, explica que a ideia de fazer um resgate cultural das histórias das crianças e adolescentes se deve ao fato da cidade de São Sebastião ser composta por 58% de imigrantes nordestinos, sobretudo dos estados do Maranhão e Piauí. Segundo ele, a construção do cordel se deu após treinamentos por meio de oficinas artísticas de musica, dança, fantoches, desenhos e pinturas. “Fazemos um trabalho com o envolvimento de todos. Incentivamos os participantes a brincarem com as mesmas brincadeiras dos pais quando crianças, a assistirem filmes e a ouvirem músicas regionais. A partir daí, as ideias foram surgindo e o oficineiro só teve o trabalho de juntar os pedaços das historias, o que resultou nesse trabalho incrível”.
Paolo conta ainda que a única história individual do cordel é de um aluno que foi diagnosticado com autismo. Para incentivá-lo a seguir em frente, eles decidiram publicar sua história na íntegra. A promoção da capacitação e empoderamento dos indivíduos é o centro do ODS 4, que visa ampliar as oportunidades das pessoas mais vulneráveis no caminho do desenvolvimento, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças. “Mais uma vez, a Fundação Banco do Brasil proporcionou ao Ponto de Cultura Ludocriarte de São Sebastião a possibilidade de desenvolver um projeto de enorme importância para as crianças da Brinquedoteca Comunitária e suas famílias, abordando temas como o da cidadania, da descriminação, da identidade cultural e da liberdade de expressão", disse.
“O que eu mais gostei nesse projeto foi criar histórias e ver como elas são legais. Falando disso, eu até criei uma história em cordel que ficou muito boa, graças ao que eu conheci aqui. Eu aprendi de verdade a fazer rimas, aprendi muitas palavras e os seus sugnificados. Por isso sou muito feliz por conhecer a Brinquedoteca”, declarou Heliardo dos Santos Pinheiro, 12 anos, que compôs o Grupo Tamanduás.
A menina Yasmim Alves do Santos, de 10 anos, participante do grupo Raposas relata que o que mais gostou no projeto foi aprender a rimar. "Aprendi que no cordel os versos têm sete sílabas e ajudei o meu grupo a montar uma história. Descobri que existe um ritmo chamado cacuriá, gostei muito de conhecer porque é uma dança do mesmo estado da minha mãe (Maranhão)”, disse.
Saiba mais sobre o ODS 4 : https://nacoesunidas.org/pos2015/ods4/
Escrito por Dalva de Oliveira – Fundação Banco do Brasil