Adoção inspira trabalho voluntário de ex-colega do BB

A vontade de adotar uma criança foi concretizada na vida da ex-funcionária do BB, Maria Angélica Amarante dos Anjos, em 2014. Devido ao estilo de vida que tinha com o companheiro Wilson, o casal  buscou preferencialmente uma criança já formada e desenvolvida, a chamada adoção tardia. “Nós queríamos um filho que já viesse andando, falando e que a gente pudesse passear”, relata.

Quando decidiram adotar, Angélica e Wilson foram à procura do Fórum de São Bernardo para se informarem sobre a documentação necessária para dar início ao processo. “Fizemos os cursos, passamos por entrevistas com psicólogas e assistentes sociais até que o Juiz aprovou nossa entrada para o CNA – Cadastro Nacional de Adoção e o Fórum de Jabaquara nos procurou a respeito do Jonas, que era do perfil da criança que estávamos procurando e fez contato com o abrigo para que fossemos conhece-lo”, conta a psicóloga.

Observando o comportamento do menino, o casal percebeu que já havia uma afinidade com a personalidade dele. “Percebemos que o Jonas era muito esperto, foi um encontro muito especial”, relata Angélica.

Passadas algumas visitas, o Juiz permitiu que Jonas fosse passear com os futuros pais. “Ele nos disse que gostaria de ser adotado por nós e com isso fiquei muito emocionada”, conta a psicóloga.

“Desde o primeiro passeio eu já sabia que estava chegando a minha vez de ser adotado, eu ganhei na loteria!”, destaca Jonas, que adora cantar e interpretar.


Grupos de Apoio à Adoção

De acordo com Angélica, existe cerca de 150 grupos de apoio a adoção presenciais espalhados pelo Brasil, sendo a grande maioria no estado de São Paulo e gerenciados pela Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), que utiliza a força do movimento para propor ao Poder Público melhorias no sistema de adoção. Porém, este é um número considerado pequeno pela proporção do nosso país, visto que, segundo pesquisas do CNJ – Conselho Nacional de Justiça, existem cerca de 40 mil crianças em abrigos brasileiros, dentro deste número, 9 mil já podem ser adotadas. 

Segundo Angélica, esse grande número de crianças e jovens abrigados é devido ao fato de que muitos casais têm medo e preconceito com relação à adoção, principalmente para acolherem uma criança acima de 7 anos e por conta disso, acabam optando pelos métodos da medicina reprodutiva. “No caminho da adoção você entende que é seu filho e não importa a maneira como ele chegou”, ressalta a psicóloga.


O projeto Anjos da Guarda

A partir do envolvimento com a causa, a colega passou a participar de grupos virtuais e presenciais de apoio. Também criou uma página específica no Facebook – Anjos da Guarda – Serviços de Apoio à Adoção - para tratar do tema, com esclarecimentos de dúvidas e troca de experiências. A página disponibiliza diversos conteúdos e permite que o público esclareça duvidas e conheça mais sobre este universo da Adoção, além de conhecer eventos de discussão sobre o tema.

Atualmente, Angélica realiza palestras, publica textos e dá orientações para todo o público sobre o assunto, propondo uma reflexão sobre o papel dos pais. “Eu quero ajudar os adotantes para que as crianças e jovens que estão nos abrigos tenham a oportunidade de terem uma família”, afirma a psicóloga. 

No ano passado, Maria Angélica participou do Edital ProAc – um programa de incentivo à cultura promovido pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo, onde se inscreveu na categoria Prosa,  com uma coletânea de textos autorais. Como resultado, foi uma das sete premiadas entre os 158 participantes.   

O prêmio possibilitou a edição de seu primeiro livro, que foi lançado em 15 de Junho. “O título do livro é impactante e pretende despertar a curiosidade das pessoas, chama-se: Fui adotada aos 56 anos – Uma história real de adoção tardia”, revela. A obra conta com o prefácio de Suzana Schettini, que além de ser ex-presidente da ANGAAD, é considerada uma das pessoas mais  influentes no mundo da adoção no Brasil. O livro pode ser adquirido na página do Facebook: Anjos da Guarda – Serviços de Apoio à Adoção.